Até agora, humanidade considerou conhecimento como acúmulo de conteúdo. Por esse viés, fica difícil competir com o robô

Me dá até um pouco de preguiça começar este artigo com uma contextualização tão batida, mas vamos lá porque o prazo está apertando e, por mais que eu tenha me dedicado, não me veio nenhuma ideia brilhante ou minimamente inédita. Vim aqui tomar cinco minutinhos da sua atenção – e espero não incomodar sua viagem – para  te lembrar que não é de hoje que o homem, em sua frágil condição, teme a obsolescência diante de evoluções tecnológicas. Lampieiros ficaram amendrontados com a iluminação elétrica nas ruas; o mesmo sentiram os operários com a revolução industrial. Mais recentemente, taxistas tentaram um motim contra aplicativos. Mas agora, amigo, a brincadeira é mais séria. Porque a inteligência artificial não ameaça um meio produtivo ou uma profissão de maneira isolada. Ela está colocando em xeque a utilidade de toda uma raça.  A sua raça (a não ser que seja um robô lendo este artigo, então está tudo certo contigo).

A grande virada que a IA traz nesse jogo das transformações das dinâmicas humanas é no que consideramos como conhecimento. Até agora, entendemos ser acúmulo de conteúdo, segundo  Lúcia Helena Galvão, poetisa e professora de filosofia na Organização Nova Acrópole do Brasil. E é isso que tanto nos expõe. “A máxima inteligência é identidade. O homem inteligente descobre-se dentro de si mesmo”, disse, em palestra  durante o Hacktown 2019 (segura aí que vou falar mais desse evento de inovação em uma reportagem na semana que vem).

Profundo, né? É que agora as discussões vão ter que ser assim mesmo: profundas.  Continue lendo: A inteligência artificial vai, sim, substituir o ser humano – e por que isso é uma ironia)

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