O PhD Michel Soane explica a natureza do método científico, sua relação com o nosso dia a dia e a importância da ciência para superar epidemias – de vírus e de negacionistas

Agência essense

“Raciocínio científico é algo que vamos desenvolvendo, mas já nascemos com ele”. 

Seja lá qual for a sua área de atuação, é bem provável que você tenha mais em comum com um cientista do que pode imaginar. Ou melhor, você pode até ser um cientista dentro da área que domina – como quando a curiosidade faz pesquisar mais a fundo sobre determinado assunto, ou quando entende padrões e os aplica aos métodos de trabalho, por exemplo. 

Esses conhecimentos (e muitos outros) foram compartilhados pelo Dr. Michel Soane, PhD em Infectologia e gerente sênior de assuntos científicos da EUROIMMUN Brasil em mais uma live da série (Des)Aprendendo com o Exemplo. “Como a curiosidade e a construção de conhecimento podem nos salvar de devaneios, medos e pandemias?” foi o tema do bate-papo com a Silvia Paladino, que destacou a importância da ciência para lidar com momentos como o que estamos vivendo.

Michel ainda falou sobre piores práticas que envolvem negacionismo e posicionamentos baseados em opiniões, não em evidências. Veja os highlights da conversa:

  1. Desconhecimento

Para o pesquisador, a falta de ensinamento sobre ciência na educação formal é uma grande barreira. “Como a criança aprende? Ela observa, tenta fazer e descobre se aquilo dá certo ou não. O método científico atua da mesma forma, sempre baseado na observação, geração da hipótese e comprovação. Muitas vezes, perdemos esse senso por conta da nossa educação. Ciência é um nome que assusta, mas é algo muito natural”.

  1. O valor das perguntas

“Com a observação das coisas sempre ficam enraizadas muitas perguntas, e é isso que nos move. O cientista tem um ideal muito forte, seja em qual área for: quer, de alguma forma, produzir conhecimento e ajudar a sociedade”.

  1. A desmistificação do pesquisador

Soane acredita na capacidade científica do Brasil, mas lembrou, durante a live, que a academia ainda é um círculo bastante fechado. “A profissão de pesquisador não é regulamentada. Temos professor pesquisador e alunos pesquisadores. São esses dois grandes grupos que fazem ciência no país. Esse modelo precisa mudar. Hoje, para ser pesquisador, é preciso estar dentro de uma universidade (geralmente pública) ou dentro de uma empresa, e não deveria ser assim. Se a sociedade entendesse como a ciência é importante, veríamos que todos somos cientistas em nossas áreas”.

  1. Conhecimento baseado em evidências

O cientista fala também sobre os questionamentos à ciência desde o início da pandemia. “Quando surge uma nova evidência, muda completamente o raciocínio, e muitos questionam: “ninguém sabe de nada”, “cada hora a ciência diz uma coisa”. Mas é assim que ela trabalha. As evidências caminham para um lado e depois podem caminhar para outro. A junção de a+b+c me leva a conclusões diferentes de quando eu sabia somente sobre a. Tudo isso é baseado em evidências, não em opiniões”.

  1. Cuidado com a pseudociência

“Existe negacionismo dentro do próprio mundo acadêmico. Mas é importante destacar que a pseudociência não leva em consideração todas as variáveis que envolvem determinado fenômeno. A pseudociência até pode se basear em evidências, mas seus métodos não são muito confiáveis”.

Quer saber sobre todos os assuntos abordados na live? Dê o replay na transmissão, que já está disponível no nosso IGTV!

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