O rigor científico na busca de soluções para problemas complexos e o propósito de transformar nossas vidas para melhor me inspiram desde a adolescência. Em minha nova iniciativa, espero transmitir meu entusiasmo pelo conhecimento a um número cada vez maior de pessoas

Cylene Souza

Ao longo de muitos momentos em minha vida estudantil e profissional, tive a sorte de trabalhar com um tema que me fascina: o conhecimento científico. Tudo começou com o professor Sérgio, lá na sexta série: todos os meses, precisávamos escolher uma notícia de ciência nos jornais e fazer um resumo valendo parte da nota do bimestre. Com 12 anos, já tinha um professor que estimulava a interpretação de texto e a busca por fontes confiáveis de informação, ativos essenciais nos dias de hoje. Foi com ele também que fiz minha primeira dissecação: uma minhoca!

Depois vieram diversas visitas aos laboratórios de química, física e biologia no Ensino Médio, sempre com aquele encantamento de ver a aplicação das sopas de letrinhas comuns a essas disciplinas na vida real.

A decisão de dedicar minha carreira à produção de conteúdo foi muito inspirada por minha admiração pelo processo científico. Cursando jornalismo, aprendi que ter opinião ou viver uma experiência não são suficientes para validar minha narrativa dos fatos. É preciso seguir princípios: apuração com fontes confiáveis, checagem dos dados, rigor na escrita e, no máximo grau possível, neutralidade diante dos fatos, para que seja possível analisar a questão por todos os ângulos.

No quarto ano da faculdade, quando precisamos fazer estágios obrigatórios para concluir o curso, a ciência apareceu novamente na minha vida de forma ainda mais pronunciada. Fui estagiar em uma editora que revisava e publicava dois periódicos da USP e diversos outros de sociedades de especialidades médicas. O vocabulário era difícil, os textos, muitas vezes, áridos, mas como eu aprendi! Se por um lado lamentava que esse conhecimento fosse compartilhado apenas entre os especialistas que liam aquele material acadêmico, por outro me entusiasmava ver como a pesquisa se desenvolvia no Brasil.

A vida foi seguindo outro rumo, eu me despedi das publicações acadêmicas e fiz de tudo um  pouco: assessoria de imprensa para varejo, estratégia de comunicação para candidato político, cobertura geral em um grande jornal… E,  para minha alegria, depois veio a chance de escrever um bocado sobre Saúde. Foram mais de 10 anos me especializando no tema, abordando tanto aquelas tecnologias que salvam vidas quanto o impacto desse setor na economia, na política e na nossa forma de perceber o mundo. 

Pela Saúde, ficou claro para mim que ciência, tecnologia e sociedade estão profundamente entrelaçadas: uma molda a outra de forma tão natural que nem percebemos. Já reparou  como os termos da medicina e da TI entraram no nosso vocabulário? E o quanto a ciência se esforça para resolver nossas grandes questões, como o aquecimento global, o câncer e a fome? 

O problema, como aprendi no mestrado em Ciência, Tecnologia e Sociedade, na Universidade de Viena, é que temos uma imagem dos cientistas encastelados em suas torres de marfim, longe do que acontece nas ruas, e da ciência como obra de um gênio, que da noite para o dia inventa algo que transforma nossas vidas, para o bem ou para o mal. 

Porém, hoje existe um esforço para mudar essa imagem e aproximar a comunicação científica do cidadão. Entre  os exemplos, temos o neurocientista Miguel Nicolelis com o podcast Diário do Front, o biólogo Átila Iamarino comandando o Nerdologia no YouTube e a Ana Bonassa, doutora em Ciências, e a Laura Marise, doutora em Biociências e Biotecnologia, desmistificando as descobertas científicas no canal Nunca Vi 1 Cientista. 

Inspirada por esse movimento e por tudo que aprendi lá na Áustria, me juntei a duas outras fãs da ciência: a Silvia Paladino e a Adriele Marchesini. Há sete anos, nós fundamos a agência essense, focada em projetos de curadoria de conteúdo B2B. Quando fui morar em Viena, elas continuaram com o trabalho, conquistaram mais de 70 clientes e fizeram planos de expansão. 

Nesse período em que a comunidade científica se reúne para produzir uma vacina em prazo recorde e se torna protagonista de discussões políticas, econômicas e humanitárias, nos reencontramos para fundar a Lightkeeper, o primeiro spin-off do grupo essense.

Nós entendemos que a ciência vive um grande momento, apesar da pandemia, das fake news e da instabilidade política. E, mais do que isso, nós, como sociedade, também temos a chance de, a partir desse caos, construir algo novo. De sermos mais responsáveis e entendermos que fazemos parte de um ecossistema. Muitas empresas já perceberam isso e adotaram as práticas ESG, buscando contribuir com o meio-ambiente, entender seu impacto social e implementar políticas de governança adequadas ao seu papel na sociedade.

A Lightkeeper, vem, então, para construir relações de confiança entre empresas e sociedade, iluminando o caminho neste mar de informações (muitas vezes falsas, outras tantas verdadeiras) e reconectando os cidadãos com a razão e a ciência, fortalecendo  o pensamento crítico. Mais do que isso, transparência e responsabilidade são atributos de marca exigidos pelos consumidores de hoje. A geração de negócios caminha lado a lado com o engajamento em temas de grande impacto para os cidadãos, como mostra a pesquisa Blueprint for Responsible Investment, das Organizações Unidas (ONU). Em uma análise de mais de 2 mil estudos acadêmicos desde 1970, a relação positiva entre desempenho ESG e retorno financeiro ficou evidente em 63% dos casos.

Além de todo o rigor e seriedade, que apoiam meu aprimoramento como jornalista e reforçam o compromisso com a busca da verdade, a ciência também deixou outro ensinamento, talvez o mais importante. É trabalhando juntos de forma transparente, um passo de cada vez, que mudamos o mundo.

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