Caneca branca, em cima de uma mesa de madeira branca e preta, com texto em preto que diz "Todos têm direito à minha opinião".
“Todos têm o direito à minha opinião”

Mal coloquei os pés na faculdade de jornalismo, fui bombardeada com uma frase repetida à exaustão por veteranos, professores e toda pessoa que sabia o curso que eu tinha escolhido: “jornalista precisa ter opinião!”. Assim mesmo, com uma exclamação implícita. Parecia uma verdade conhecida por todos – fossem eles profissionais da área ou a minha mãe – e somente eu era a desavisada.

“Ok, jornalista precisa ter opinião! Então é assim, agora.”

Alguns dias antes, eu era só uma garota de 17 anos que perambulava por aí com brincos de pena e calça com a barra rasgada; no outro, já era uma aspirante da comunicação, uma “potencial expoente” da profissão e precisava, portanto, agir como tal.

Cara, como perdi meu tempo com tudo isso.

O medo de ser tachada de má jornalista, quando nem bem havia estudado o suficiente para ser uma, me dominou. Sem base nem preparo, comecei a falar, emitir veredictos, dar sugestões para problemas complexos, e tudo isso com um arcabouço quase nulo de conhecimento e experiência. Está certo, eu sempre li muito. Está certo, eu sempre procurei entender as coisas. Mas a minha opinião não importava na arrebatadora maioria das vezes que insisti em cuspi-la na cara do outro. Simplesmente porque ela não era útil a ninguém, nem a mim mesma. Só servia ao meu medo.

E logo eu, a pessoa que pegou trauma de dar opinião, escolhe trabalhar, exatamente, com foco em posicionar marcas e líderes como formadores de opinião.

Seria incoerência?

Seria, se eu não tivesse feito as perguntas necessárias antes de escrever este texto, ou antes de fundar uma agência especializada em curadoria de conteúdo.

Existe uma diferença entre ser reconhecido como formador de opinião e ser só mais um dentre tantos opinadores. Ainda mais na democratização dos meios digitais, em que qualquer um pode fazer do textão sua ferramenta de posicionamento ou de terapia.

A primeira premissa de uma estratégia de posicionamento pessoal, veja que coisa, não é pensar em si mesmo. É olhar para o outro. Por isso é preciso fazer algumas perguntas: o que desejo contar tem uma contribuição efetiva para o meu público? Estou pensando em quem vai consumir o meu conteúdo ou estou olhando só para o meu umbigo? Esse ponto de vista possui algum ineditismo, autenticidade e valor? Qual o propósito que me move?

Quando há um interesse genuíno em entregar algo a alguém, a mensagem chega em quem deve chegar. E não há mágica ou misticismo algum nisso: a pessoa, simplesmente, vai procurar por aquele conteúdo por ter interesse em conhecê-lo melhor. E você estará lá, pronto para ajudá-la. É a lei de oferta e procura. Não abordarei aqui estratégias de divulgação desses materiais. A ideia é ir para o lado conceitual da coisa, mesmo.

Tudo se resume, então, a entrega. A prestação de serviço. Se não houver esse propósito, a opinião é só argumentação vazia, frágil e desnecessária. Sem qualquer serventia.

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